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O ‘cemitério de navios’ em SC que provocou o naufrágio de pelo menos 72 embarcações
O Globo Repórter desta sexta-feira (23) mergulhou em águas perigosas, em Jaguaruna, no Litoral Sul de Santa Catarina. Oceanógrafo mapeou a montanha subaquática, que causou os incidentes.
O Globo Repórter desta sexta-feira (23) mergulhou em águas perigosas, em Jaguaruna, no Litoral Sul de Santa Catarina. Águas que, por muito tempo, esconderam uma armadilha para os navegadores: uma pedra no caminho transformou a região em um “cemitério de navios”.
O historiador e arqueólogo Alexandro Demathe explica por que essa rota era e continua temida.
“Muitos naufrágios foram registrados aqui nessa região. As pesquisas apontam cerca de 72 sinistros. Nós estamos na chamada ‘esquina do Atlântico’, além da pedra, que é nossa esquina da Jaguaruna, fortes ventos empurravam essas embarcações para as praias, essas embarcações encalhavam, partiam no meio e ali naufragavam”, explica o historiador e arqueólogo Alexandro Demathe.
Ainda é possível encontrar o que sobrou de algumas dessas embarcações, hoje esqueletos enferrujados. Na “Laje de Jaguaruna”, há destroços do navio Guaratinga que naufragou em 1954.
O mergulhador Daniel Marques nada há 12 anos nessas águas em busca dos naufrágios e das histórias que ouvia desde pequeno.
“As condições do mar sempre são muito difíceis, porque ele está na costa a aproximadamente 150 metros da costa, na arrebentação, onde quebra a onda. E, aí, o momento que a gente desceu, que a gente viu, e entrou naquela história, foi um momento incrível”, conta o mergulhador Daniel Marques.
A “Laje de Jaguaruna” também é um abrigo para corais, crustáceos e muitos peixes. Um cardume de Marimbás parece dançar um balé ao sabor da correnteza.
Montanha subaquática
A Marinha mapeou essa área pela última vez na década de 1950. A pedra era chamada de “Laje do Campo Bom”, em referência a uma praia próxima.
Diego Bitencourt é oceanógrafo e quer atualizar esses dados. Com equipamentos modernos, ele fez a chamada “batimetria” – um retrato mais fiel dessa formação rochosa. Foram quase seis horas de trabalho no mar movimentado para cobrir toda a área da laje e coletar as informações.
“Assim como as montanhas que a gente vê aí ela tem uma forma, um pico. O fundo também tem um relevo, também tem uma forma. E com o levantamento batimétrico, a gente consegue fazer um levantamento de como essa forma do fundo”, destaca Diego.
Aos poucos, é possível descobrir como a montanha subaquática realmente é: 1,2 mil metros de comprimento, 900 metros de largura e 30 metros de altura.
“Então, a gente consegue ter um melhor detalhamento dessas cartas náuticas, visando segurança da navegação”, pontua Diego.